Amor por cães, retorno ao São Paulo e Seleção: entrevista exclusiva com Tuta

O zagueiro Tuta tem feito história no Frankfurt. Seis anos após deixar o São Paulo sem sequer ter estreado no profissional, ele se tornou uma das referências defensivas do futebol alemão e já faz parte do top 50 jogadores com mais partidas disputadas pelo clube.
Consolidado na Europa e cobiçado por outras grandes equipes do continente, o momento do brasileiro contrasta com o seu início, quando teve de ter paciência em busca de oportunidades e contou com a ajuda de Briti e Maia, duas cachorras que trouxeram nova vida ao jogador.
“Eu tenho dois bulldogs ses. Duas cachorras eletrizantes, com muita energia. Elas foram muito importantes no começo. Seguem sendo, mas no início era mais porque a gente se sentia muito sozinho. Por conta do visto, minha esposa ficava três meses aqui e três meses no Brasil. Quando comecei a jogar, eu viajava muito, então sempre alguém ficava sozinho. As duas cachorras aram a ser nossas parceiras, fez a casa ter vida, energia”, explicou Tuta em entrevista exclusiva ao Transfermarkt.
“É muito bom chegar em casa e as duas cachorras me receber com pulos de alegria. É uma correria o dia inteiro, todo dia a mesma coisa. Você sai cinco minutos e quando volta é a mesma alegria”, completou.
Contratado por 1,8 milhão de euros em janeiro de 2019, logo após ser campeão pelo São Paulo da Copa São Paulo de Futebol Júnior, Tuta teve uma longa jornada de espera até estrear pelo Frankfurt. O primeiro jogo pela equipe só aconteceu em outubro de 2020, vitória sobre o Hoffenheim por 2 a 1.
Nesse um ano e meio em busca da primeira oportunidade pelo clube alemão, foi emprestado ao Kortrijk, da Bélgica, por uma temporada. Disputou 18 jogos pela equipe belga e então retornou ao time em uma situação bem melhor.
“A minha ida para a Bélgica também foi muito importante para eu pegar a minutagem, pegar experiência, ter essa mudança de país, porque também era tudo muito novo. Eu tinha acabado de sair da base de São Paulo. Era uma realidade bem diferente. Foi um processo difícil, mas que valeu muito a pena, que hoje é algo que sou muito grato por tudo”.
“Se eu não tivesse ado por tudo isso, talvez eu não estivesse aqui. Valeu a pena o esforço, o trabalho. Sou muito grato ao clube pela oportunidade que eles me deram. Foi um processo muito difícil, mas que valeu a pena pela aprendizagem”, complementou.
Além da adaptação à uma nova vida, Tuta teve de superar a falta de comunicação no novo país. Apesar das dificuldades, ele garante que não pensou em retornar.
“Eu converso muito com a minha mãe. Ela dizia que era meu sonho e que eu tinha de ir para cima. Eu sabia que ia ser um período difícil quando me mudei para a Alemanha. Eu só ouvia, nunca argumentava. Sabia que tinha de trabalhar, fazer as coisas necessárias, sem questionar. E era muito difícil por causa do frio. Isso suga um pouco da energia para treinar, fazer as coisas."
"Era muito difícil não conseguir falar, não poder se comunicar com os companheiros. Você sempre fica à mercê de alguém. Mas você precisa respeitar o tempo, esperar. Isso foi bem difícil. Mas eu tive paciência e fui aprendendo. Hoje falo inglês fluente e consigo me comunicar em alemão também. Falo com o treinador, com os companheiros, mas não sou muito de dar entrevista em alemão”
Aos 25 anos de idade, Tuta está avaliado em 15 milhões de euros e tem crescido temporada a temporada. São 187 partidas, 10 gols marcados e três assistências.
Em 2025/2026, o time vai disputar a Liga dos Campeões pela terceira vez na história, a segunda com Tuta no elenco. Além de 2022/2023, quando foi campeão da Liga Europa de 2021/2022, o time também disputou a competição em 1959.
“Hoje o meu sentimento é de gratidão ao clube. Quando eu vim, você começa tudo do zero. Eu não tinha minutagem, nunca tinha jogado profissional. E o clube me deu essa oportunidade, essa confiança. Assim como o São Paulo, que foi minha base, o Frankfurt é a minha casa. Foi quem me deu a oportunidade de mudar a minha vida e a da minha família. Tenho muita gratidão por todos”, disseTuta.
SAÍDA DO FRANKFURT E FUTURO
Por conta das boas atuações, Tuta tem despertado a atenção de outras equipes do futebol europeu. No último ano, o Galatasaray fez uma proposta ao jogador, mas ele decidiu permanecer, mesmo com uns pedidos especiais de Gabriel Sara, seu ex-companheiro dos tempos de São Paulo.
“O Sarinha (Gabriel Sara) me ligou. Mas uma conversa tranquila. Ele queria me contar sobre o clube, a cidade. Isso é importante. A gente precisa conhecer, ouvir opiniões. Mas eu achei que não era hora de mudar. Não era o momento. Eu estava muito focado no Frankurt. Estamos vivendo um momento muito grande, era uma oportunidade gigantesca de êxito. E eu tinha acabado de ter um filho também. Seria uma mudança muito drástica”.
O filho de Tuta nasceu há sete meses e se chama Sant Araújo. O contrato do brasileiro com o Frankfurt se encerra em junho de 2026. O futuro do brasileiro ainda não está definido, mas certamente pesará a adaptação da família e a estabilidade da família no país.
“Família é algo que a gente sempre coloca na balança. A Alemanha é um país que tudo funciona. Isso eu sempre vou colocar na balança, seja qual for a decisão para o futuro. Falta um ano para o fim do meu contrato, mas temos uma excelente conversa eu, o clube e meus agentes. Começamos a conversar sobre renovação, mas eu queria manter meu foco para deixar o Frankfurt no topo da tabela e ter mais êxito nas competições internacionais. Agora é hora para pensar, descansar, ter essas reuniões e poder pensar no futuro”.
SÃO PAULO, ANTONY E RETORNO AO BRASIL
Além do Galatasaray e Fenerbahçe, rumores sobre o Palmeiras e Botafogo também surgiram como um destino para Tuta. O brasileiro disse que não chegou nada oficialmente e que não descarta um retorno ao Brasil, embora a preferência seja pelo São Paulo.
“Não teve nada concreto. Só uma consulta, um interesse. Mas eu tinha em mente que era não era hora de voltar ao Brasil. Eu tenho um objetivo grande aqui. Quero seguir meu trabalho. Não posso descartar nunca uma volta ao Brasil. Mas eu tenho um sonho que é poder jogar no São Paulo e estrear no Morumbi. Eu lembro quando eu tinha nove anos e a gente ia para o Morumbi e ficava olhando o gramado sonhando em estar ali. É um sonho ainda que tenho jogar no Morumbi”.
Além do sonho de retornar ao São Paulo, Tuta relembra com carinho a convivência com os ex-companheiros de clube. O mais famoso é Antony, atacante que disputou a última Copa do Mundo pela Seleção Brasileira e que defende o Betis após uma agem sem brilho pelo Manchester United.
“Ninguém desaprende a jogar futebol. Ele ou por um momento difícil na Inglaterra, mas o Antony é o Antony. O talento sempre esteve com ele. Agora com essa mudança para o Betis, acho que ele extravasou. Acho que só insegurança, falta de confiança e também a pressão que o Manchester United vive pelo momento que o clube está. Isso deve ter pesado no ombro do Antony. Agora ele parece estar mais tranquilo e consegue mostrar o seu futebol dentro de campo. Isso é normal. Eu sempre torço muito pelo Antony. É um grande momento que ele está vivendo e eu desejo muita sorte para ele nesta final”, disse Tuta sobre a presença de Antony na final pelo Betis contra o Chelsea pela Conference League.
RELAÇÃO E APRENDIZAGEM COM ANDRÉ JARDINE
Apesar de não ter atuado pelo profissional do São Paulo, Tuta teve lições importantes no clube durante o trabalho na base com André Jardine, que depois seguiu uma trajetória de sucesso, com o ouro olímpico em Tóquio com a Seleção Brasileira e o tricampeonato mexicano com o América do México.
“O Jardine tinha um cuidado especial. Era muito detalhista. Ele sempre gostou muito do estilo do Pep Guardiola e implementou muita coisa no São Paulo. Ele me ajudou muito a ver um diferencial que tenho que é a versatilidade. Eu era um defensor. Defesa com linha de quatro, dois zagueiros. Quando ele chega, ele colocou três zagueiros, com um lateral direito mais defensivo. Isso me ajudou muito porque eu era um zagueiro com um porte físico mais baixo, mas eu era muito rápido e técnico. Eu pude mostrar melhor o meu potencial, ganhar duelos em velocidade com os pontas. Hoje, o Dino ( Toppmöller, técnico do Franfkurt), também enxerga essa minha versatilidade e me dá muita confiança. Já joguei de volante e lateral dreito. Com o tempo você começa a aprender a cortar caminho”.
ANCELOTTI E SELEÇÃO BRASILEIRA
A chegada de Carlo Ancelotti como novo técnico da Seleção Brasileira pode ajudar Tuta a realizar o sonho de vestir a icônica amarelinha. Campeão das ligas da Alemanha, Espanha, França, Inglaterra e Itália, Ancelotti vai estrear no comando do time brasileiro em junho nos jogos contra Equador e Paraguai pelas Eliminatórias da América do Sul.
“Eu preciso seguir fazendo o meu trabalho. A Seleção vive um momento de reformulação e é um momento oportuno para todos. Eu preciso estar preparado e trabalhar ao máximo. Acredito que fiz uma grande temporada. O Ancelotti tem total potencial para poder colocar a Seleção onde merece estar. Como as pessoas dizem. Ele tem o ‘molho’. Sabe lidar, sabe cuidar dos times. Tem um potencial gigantesco. Eu tenho esse objetivo, sim de jogar pelo Brasil e vou seguir trabalhando”, disse Tuta, que contou sobre o impacto da contratação de Ancelotti pelo Brasil.
“Todo mundo comenta. Até pela dimensão que é a Seleção Brasileira. Eu fico indignado com o momento que vivemos, mas isso também é um processo. Muitas seleções da Europa também aram por essa reformulação. Agora com um treinador tão grande como Ancelotti, a gente vive essa expectativa. Todo mundo comenta, todo mundo acha que vai dar certo. Eu acho que é muito positivo a chegada dele”.
Por fim, Tuta também se colocou à disposição para ajudar Ancelotti nesta nova fase pela Seleção Brasileira e no sonho de conquistar o hexacampeonato.
“É só chamar que eu estou indo. Isso é um fator muito positivo que eu tenho que é essa versatilidade. A maioria dos times europeus, como o Manchester City, jogam com quatro defensores muito rápidos. O futebol exige uma parte defensiva cada vez mais forte. Eu acredito que posso somar muito nesse sistema, independente de como for, como lateral ou zagueiro. Estou trabalhando e preparado”, finalizou.


- Nasc./Idade:
- 04/07/1999 (25)
-
Nac.:
- Clube atual:
- SG Eintracht Frankfurt
- Contrato até:
- 30/06/2026
- Posição:
- Zagueiro
- Valor de mercado:
- 15,00 mi. €


- Nasc./Idade:
- 24/02/2000 (25)
-
Nac.:
- Clube atual:
- Real Betis Balompié
- Contrato até:
- 30/06/2025
- Posição:
- Ponta Direita
- Valor de mercado:
- 20,00 mi. €


- Nasc./Idade:
- 26/06/1999 (25)
-
Nac.:
- Clube atual:
- Galatasaray
- Contrato até:
- 30/06/2029
- Posição:
- Meia Central
- Valor de mercado:
- 22,00 mi. €


- Nasc./Idade :
- 10.06.1959 (65)
-
Nac.:
- Clube atual:
- Brasil
- Função atual:
- Treinador
- Responsável desde:
- 25/05/2025


- Nasc./Idade :
- 08.09.1979 (45)
-
Nac.:
- Clube atual:
- CF América
- Função atual:
- Treinador
- Responsável desde:
- 15/06/2023

- Valor de mercado total:
- 323,05 mi. €
- Competição:
- Bundesliga
- Colocação :
- 3.
- Treinador:
- Dino Toppmöller
- Jogadores no plantel:
- 27
- Última transferência:
- Michy Batshuayi

- Valor de mercado total:
- 80,65 mi. €
- Competição:
- Campeonato Brasileiro Série A
- Colocação :
- 13.
- Treinador:
- Luis Zubeldía
- Jogadores no plantel:
- 37
- Última transferência:
- Felipe Negrucci

- Valor de mercado total:
- 938,60 mi. €
- Competição:
- Copa América 2024
- Treinador:
- Carlo Ancelotti
- Jogadores no plantel:
- 24

- Valor de mercado total:
- 28,30 mi. €
- Competição:
- Jupiler Pro League
- Colocação :
- 15.
- Jogadores no plantel:
- 28
- Última transferência:
- Mohamed Fofana
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